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O objetivo do Espaço Corporal é integrar os vários aspectos da saúde. Despertar a consciência corporal e aprender a escutar o que o seu corpo diz, tem efeito positivo na manutenção da saúde, estimula o autocuidado e a adoção de hábitos saudáveis. Somos vários profissionais comungando de uma visão contemporânea do corpo físico, mental e energético. Desenvolvemos tratamentos individuais, em grupos, massagens, trabalhos de expressão artística e grupos de estudos. Para o Espaço Corporal, a saúde é um recurso para a vida diária, englobando a alimentação equilibrada, o sono regular, exercícios, lazer e cultura. Venha nos conhecer.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

HUMANIZAÇÃO DO NASCIMENTO


Encontro de Intenções

Respiro, peço luz e discernimento para poder descobrir o que nessa busca pela Humanização do Nascimento é realmente importante de ser dito, vivido e sentido. Escolhi refletir sobre a questão da segurança para que pudéssemos mexer um pouco nos nossos conceitos. O dicionário Aurélio me confirma que segurança é um estado do que se acha seguro, confiante, o que me faz pensar se existe fora de cada um de nós garantias que nos façam sentir seguros. E assim convido você a refletir: qual é a segurança necessária para um bebê e uma mãe no momento do nascimento?

Graças a evolução da ciência nosso bebê já é reconhecido, desde a vida intra-uterina, como ser que tem um desenvolvimento cortical avançado, uma vida psíquica. Toda e qualquer atitude que tomarmos em relação a dupla mãe-bebê precisa ser cercada de respeito e carinho com o objetivo de fazê-lo sentir-se confiante para que possa transmitir ao seu bebê uma “estada segura”.

Algumas décadas atrás não havia necessidade de aparatos técnicos e de intervenções médicas nos partos. Será que era só porque não existiam os recursos? O que será que aconteceu na história, nos últimos trinta, quarenta anos, no desenrolar do processo da gestação e trabalho de parto para necessitar de tanta interferência?

Talvez muitas de nós já tenhamos agradecido por termos nos prevenido e escolhido um hospital bem aparelhado e uma equipe competente que nos salvou de um acidente de percurso da natureza, sem nos questionarmos se o que aconteceu não foi consequência de  uma rotina deturpada. É fato que cada um dos procedimentos que a medicina tem a mão é de valor inegável, mas será que inúmeros desses recursos não estão sendo usados em todas nós, apenas para prevenir possíveis acidentes injustificáveis nos dias de hoje, quando eram para ser usados somente quando se fizessem necessários? Em época tão violenta e assustada tendemos a buscar todas as garantias que possam nos prevenir dos riscos. Mas não serão essas mesmas garantias que geram mais medos e tensão e que acabam favorecendo para que os acidentes realmente aconteçam? E nos paralisem na certeza que cada vez funcionamos com menos eficiência enquanto mulheres parideiras?

Imagine uma outra atmosfera com a mulher sendo reforçada enquanto fêmea, estimulada a seguir sua intuição, esse bebê sendo convidado a vir à vida sem empurrões, sem falta de oxigênio, sem gritarias de “força, força!” numa batalha pela sobrevivência. Quantas vezes, observando um nascimento, parece-nos que a mulher está sendo orientada a lutar contra o que seu corpo está fazendo naquele momento? Ouvem-se frases do tipo: “só depende de você!”, “só não nasceu porque você não está sabendo fazer força...” Não devíamos nos perguntar o que aconteceu durante o trabalho de parto para estar precisando de um esforço, às vezes sobre-humano, para deixar que esse neném saia? Não seria mais adequado falarmos de entrega e permissão do que força e empurrões?

A atmosfera que cerca o nascimento e todos os que nele estão envolvidos clamam por um posicionamento a favor da saúde e da vida. Cabe a nós, que trabalhamos com nascimento, não sobressaltar esses pais, nem os ameaçarmos com possíveis imprevistos e sim compartilharmos desse momento enquanto seres humanos que escolhemos ser “recepcionistas da vida”.

Vania Maciel

Texto publicado no jornal “O Ventre” - Casa do Parto Nove Luas, Lua Nova – junho de 1995

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